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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Novamente.

Estamos há poucos dias da eleição. Em breve saberemos quem ocupará o cargo de Presidente da República pelos próximos quatro anos. O atual ocupante do cargo violou inúmeras leis, limpou os pés com a constituição, afrontou a Justiça e ofendeu profundamente aos cidadãos que possuem caráter, integridade e valores. Promoveu discursos descabidos de ódio e revolta, chegando quase ao ponto de dividir o país em classes. Aliás, o fez. Instituiu a excrecência das cotas raciais. Promoveu José Sarney, ex-presidente da república e ex-adversário à condição de cidadão "incomum", acima das leis e da justiça. O mesmo Sarney que um dia chamou de "O grande ladrão".

Acredito que quem leu até este ponto já entendeu minha opção. Sim, sou agora, como fui em 2002, eleitor de José Serra. Mas não estou escrevendo este texto para pedir votos para ele. Estou escrevendo porque política, ao contrário do que vem sendo tão propagado ultimamente, por supostos especialistas das mais variadas áreas, não é remar à favor da maré ou dançar conforme a música. É posicão firme e marcante, de princípios e valores. E a apatia com que vem sendo tratada, sobretudo por jovens administradores é revoltante.

"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam". Esta frase de Arnold Toynbee foi citada a exaustão nos últimos dias, em praticamente todos os meios de comunicação e redes sociais. Não à toa. A estupidez do chamado "voto de protesto" que no passado elegeu Enéas Carneiro e Clodovil Hernandes entre outras aberrações, desta vez instalou Tiririca no Congresso Nacional, e em seu rastro outros três inúteis oportunistas que absolutamente nada têm a acrescentar à nossa democracia. Democracia ameaçada. Incontestavelmente.

Marina Silva, candidata derrotada no primeiro turno, mas que cuja votação acima do esperado, para muitos, levou a disputa ao segundo turno, foi bajulada por inúmeros jornalistas, empresários e políticos. Com isto se sentiu no direito de proferir as maiores cretinices que ouvi nas últimas semanas. O discurso de que o "povo" está cansado da polarização política, da confrontação e daquilo que ela chama de baixo nível do debate, é simplesmente tolo. Nada mais. Em nome do chamado "povo" por inúmeros políticos demagogos, já foram cometidas incontáveis atrocidades no mundo.A sociedade não é homogênea, e difererntes assuntos têm diferentes graus de importância, para diferentes setores da sociedade, e políticos tem o dever de discutir todos, pois candidatam-se para governar para todos, não para apenas grupos específicos.

Muita polêmica foi gerada em torno da questão do aborto, se Dilma era a favor ou contra. Todos os setores da sociedade se manifestaram a respeito e houve muita troca de farpas. Mas o cerne da questão para mim não é o fato do ser a favor ou ser contra, mas o fato de que Dilma mentiu sobre o assunto. Disse uma coisa (está registrado em vídeo, em mais de uma ocasião) e depois, oportunamente, fingiu mudar de opinião. Quem mente sobre seus valores não é digno de confiança. Quem não é digno de confiança não pode ser Presidente da República. Ela mentiu, em muitas oportunidades, mente hoje, sem pudores sobre os mais variados assuntos, e continuará mentindo, eleita ou não. Sem contar o fato de estar enrolada até o pescoço em escândalos de corrupção que levaram ao total descrédito e ao esgoto a Casa Civil.

De todos os discursos cretinos, o que mais ofende a inteligência dos cidadãos de bem, e que vem sendo usado  nos últimos oito anos, é o de absolver os crimes cometidos pelo atual governo com a justificativa de que os houve tambem em outros. Os crimes e a corrupção de outros governos não eximem de culpa o atual. Pelo contrário, a agrava, pois se trata do partido que pregou por anos a fio ser o único a encampar a bandeira da ética e da honestidade. E os atos de corrupção cometidos pelo partido do atual Presidente foram os mais escandalosos já vistos no Brasil. E a corrupção é a maior mazela que o Brasil possui hoje.

Nem tampouco serve como atenuante a atual conjuntura econômica que o país atravessa, também mérito de governos passados, principalmente o de Fernando Henrique Cardoso, tão demonizado pelo atual. Aliás o atual governo, como é sabido, tão somente menteve as bases e diretrizes fundamentais da economia.

Enfim escrevo este texto para desabafar, pois não me conformo com um percentual tão elevado da população endossando atos de corrupção, banditismo e autoritarismo. Torço para que, apesar de não nutrir muitas esperanças, o Brasil não justifique novamente outra frase célebre que diz que cada povo tem o governo que merece. 

Independentemente do resultado das urnas, na segunda-feira posterior ao pleito, eu, como milhões de outros cidadãos, continuarei com minha rotina de levantar cedo e partir para a luta diária. Mas terei a certeza de ter feito a melhor escolha para o país. Novamente.