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domingo, 20 de março de 2011

O Brasil é um país de mentira.


O Brasil é um país de mentira. Nosso modelo eleitoral é de mentira. Só num país de mentira, com um modelo eleitoral de mentira, uma completa desconhecida, sem nenhuma competência comprovada poderia ser eleita Presidente da República.

O povo brasileiro é composto por uma imensa maioria de ignorantes e negar isto é um desserviço ao país e à sociedade. Ensina-se nas escolas sobre os três Poderes da República e sua independência, mas como são poucos os que vão à escola, e dentre estes poucos, são poucos os que prestam alguma atenção ao que é ensinado, esta lição simplesmente não é aprendida. Aí entra em cena nosso modelo eleitoral esdrúxulo, que apenas piora o quadro. A pseudo-reforma política que se desenha no Congresso, comandada por alguns velhos coronéis e outros matutos da política nacional que por décadas se beneficiaram desta situação dificilmente mudará algo a contento.

Separar nossas eleições por regiões, em vez de separá-las pelas esferas dos três Poderes, ilude aquele eleitor ignorante e desinformado, ou desinteressado em política, fazendo-o pensar que os parlamentares são subordinados ao Presidente da República, quando de fato não o são. A cada quatro anos o assunto é quem será o próximo Presidente da República. Os debates promovidos pelas emissoras de TV, jornais, revistas e portais da internet são sempre entre os candidatos à Presidente. Isto causa a impressão de que a eleição parlamentar é menos importante, e como não há debate entre os candidatos ao Congresso ou às Câmaras Estaduais, cria-se a falsa percepção, que atinge diretamente os menos informados e esclarecidos, de que os mesmos são subordinados ao presidente.

O Voto Distrital por si só praticamente eliminaria a possibilidade da eleição dos chamados “puxadores de votos”, como o notório Tiririca, o jogador Romário e outros tantos que não acrescentam rigorosamente nada ao Congresso, servindo evidentemente apenas para angariar votos suficientes para eleger candidatos do interesse dos partidos que os lançam ao escrutínio. Não havendo esta distorção do processo atual, não haveria em nenhum partido espaço para alguém com este perfil, e os partidos seriam forçados a promover debates ou até mesmo prévias internas para a escolha do seu candidato para cada distrito.

O voto Distrital em conjunto com um sistema que proporcionasse um pleito exclusivo ao poder Legislativo, por exemplo, possibilitaria a promoção de debates entre os candidatos a deputado estadual, federal e a senador, o que permitiria indubitavelmente que o eleitor ponderasse melhor sobre o perfil e as propostas dos candidatos, o que hoje é impossível.

É óbvio que existe o aspecto educacional no que concerne à escolha dos candidatos pelos eleitores, mas sabendo do estado de sucateamento e partidarização em que se encontra o ensino no Brasil, a aplicação do voto Distrital numa eleição exclusiva ao Legislativo, por exemplo, representaria um avanço ao esclarecimento da população encurtando um pouco o longo caminho que temos até atingir uma consciência política mais profunda. Isto permitiria também o início de outro debate importante: a implantação de eleições para o Poder Judiciário, eliminando as nocivas indicações políticas para os mais altos cargos desta esfera, como para o Supremo Tribunal Federal, por exemplo. Mas isto é assunto para outra ocasião.