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sábado, 11 de setembro de 2010

Quanta passividade...

Continua em pauta, de formas variadas e com análises díspares, a questão do quanto a popularidade de Lula serve como anuência às suas sandices. Seu partido e os demais que compõe a base do seu governo continuam infringindo as leis impunimente. O judiciário parece não ver, não querer ver ou qualquer outra coisa pior, pois no máximo, vemos reações da sua parte no sentido de minimizar a gravidade dos fatos, quando não envereda para a enrolação, como a fala do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel sobre os casos envolvendo a Receita. 

Nesta última semana, em virtude da conduta estapafúrdia do cidadão que ocupa o cargo de presidente, de abandonar o emprego e se entregar de corpo e alma à campanha de seu monstro, levou a parcela realmente isenta e independente da imprensa e parte da oposição, aquela que ainda tem um pouco de coragem, de se lavantar e questionar. É pouco. Muito pouco.

Continuamos não vendo a oposição. Lula já escancara, sem nenhum tipo de constrangimento (pois discernimento ele não possui) que trabalha para uniformizar e unificar a política no Brasil. Não quer oposição para sua escolhida. E através de mentiras e trapaças convence a população de que isto é correto. Roberto Pompeu de Toledo, em sua coluna na revista VEJA da semana passada, escreveu que "não há democracia sem  os polos opostos da situação e da oposição". Hoje no Brasil, não temos oposição. Pelo menos eu não a enxergo.

Lula brinca com o entendimento da população em geral sobre os fatos e versões do cotidiano. Chama os crimes cometidos pelos seus de "erros", minimizando a gravidade do ocorrido e ao mesmo tempo passando aos ouvintes a impressão do paizão compreensivo, que pondera e perdôa. Trata a oposição como um estorvo, um empecilho aos seus projetos de beneficiar os pobres, passando a estes a idéia de que é culpa da mesma os seus fracassos (e como já disse aqui o povão compra esta estupidez). Faz isto e muito mais tranquilamente, sem que seja perturbado ou questionado.

É preciso separar as coisas, colocá-las no seu devido lugar. É inadmissível ver supostos analistas políticos tentando justificar afrontas às leis e à constituição com o crescimento econômico. É a malhada tática da cortina de fumaça, que polui a maioria dos textos que são possíveis de se ler na imprensa. A estabilidade e o crescimento econômico se baseiam em fatores e medidas que vêm sendo cultivadas e implantadas desde o começo da década de '90 e principalmente ao Plano Real e à política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso e praticada até hoje pelo atual governo. Não é mérito de Lula, e menos ainda serve como desculpa, para escândalos como o Mensalão e as violações de sigilo dentro da Receita Federal. Este avanço econômico, muito menos ainda, serve como desculpa para as reiteradas e insistentes tentativas do governo de controlar e amordaçar a imprensa e a liberdade de expressão ou para outras investidas totalitárias  e autoritárias como a bizarra campanha, coroada com um plebiscito ridículo, pelo desarmamento da população.

É lógico que o único remédio para isto é a educação, que leva as pessoas a pensarem por si próprias e ponderar sobre fatos, não sobre factóides (como os petistas gostam deste termo). Porém esta não é nossa realidade, e a julgar pela disposição do governo, que se omitiu completamente no que diz respeito aos investimentos em infraestrutura e necessidades básicas da população, não será nem daqui há algumas décadas. Portanto a sociedade (aqueles que possuem capacidade de compreensão, as repudiadas "elites") não pode permanecer extasiada, perplexa e intimidada em confrontar, nos meios possíveis, as mentiras propagadas pelo governo e pelo presidente, porque este é extremamente popular.

De alguma maneira este entendimento ou comportamento, tanto faz, precisa ser combatido, pelo bem da democracia. Alguns poucos e corajosos jornalistas têm denunciado incansavelmente, tanto os desmandos e crimes do governo, como a patrulha  constrangedora dos seus simpatizantes e militantes a todos que ousam pensar diferente. Mas é muito pouco. Precisamos de mais. Não se pode viver com medo de dizer a verdade. Ou será que o PT conseguirá comprar, submeter e calar um país inteiro?